segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

BIOGRAFIA: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)


Sérgio Marcos Rangel Porto, jornalista, radialista, teatrólogo e humorista., nasceu no Rio de Janeiro em 11 de janeiro de 1923, e ficou famoso anos depois sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, emprestado à Oswald de Andrade (vide Memórias de Serafim Ponte Grande). 
Dizem seus estudiosos que no citado livro teria encontrado seu grande filão:a irreverência. Começou uma obra carioquíssima, até hoje insuperável, transpondo para  jornais, livros e revistas o saboroso coloquial do Rio de Janeiro. Afirmam, também, que as melhores crônicas são aquelas onde a disposição de desfazer o sentido de uma palavra ou de uma situação não se manifesta apenas no final do enredo, mas parece atingir a estrutura da narrativa; quer dizer, a partir de pistas falsas, a história é conduzida visando a um final que não acontece, substituído por outro, totalmente inesperado.
Traçou, em 12 palavras, o retrato de uma época , os tais anos dourados nada permissivos, quando o preconceito prevalecia, principalmente em matéria de sexo:
"Se peito de moça fosse buzina, ninguém dormia nos arredores daquela praça". Antes da liberação sexual, as praças e outros cantinhos escuros eram, então, um buzinaço.
Criador de Tia Zulmira, Rosamundo e Primo Altamirando, foi com seu Festival de Besteira que Assola o País - FEBEAPÁ, lançado em plena vigência da Redentora, apelido do golpe militar de 1964, que ele alcançou seu grande sucesso. Stanislaw afirmava ser difícil precisar o dia em que as besteiras começaram a assolar o Brasil, mas disse ter notado um alastramento desse festival depois que uma inspetora de ensino no interior de São Paulo, portanto uma senhora de nível intelectual mais elevado pouquinha coisa, ao saber que o filho tirara zero numa prova de matemática, embora sabendo tratar-se de um debilóide, não vacilou em apontar às autoridades o professor da criança como perigoso agente comunista.
Na mesma época (1954) em que o jornalista Jacinto de Thormes publicou na revista Manchete a lista das "Mulheres Mais Bem Vestidas do Ano", Stanislaw, que escrevia na mesma revista sobre teatro-rebolado, não quis ficar por baixo e inventou a lista das "Mulheres Mais Bem Despidas do Ano". Ocasião que passou a usar uma expressão ouvida de seu pai — "Olha só que moça mais certa" — e estavam, assim, criadas as "certinhas" do Lalau. De 1954 a 1968 foram 142 as selecionadas. Dentre outras, podemos citar Aizita Nascimento, Betty Faria, Brigitte Blair, Carmen Verônica, Eloina, Íris Bruzzi, Mara Rúbia, Miriam Pérsia, Norma Bengell, Rose Rondelli, Sônia Mamede e Virgínia Lane.
Ao contrário do que parecia ser Sérgio Porto, nos últimos anos de vida tinha uma jornada nunca inferior a 15 horas de trabalho por dia."Só estou levantando o olho da máquina de escrever pra botar colírio".Para alguém que teve seu primeiro infarto ao 36 anos, era demais.
"Tunica, eu tô apagando". Essas foram as últimas palavras ditas pelo autor ao sofrer um novo e fulminante  infarto,vindo a falecer em 29 de setembro de 1968.

Bibliografia:

Livros publicados com o pseudônimo Stanislaw Ponte Preta:

- Tia Zulmira e Eu - Editora do Autor, 1961

- Primo Altamirando e Elas - Editora do Autor, 1962

- Rosamundo e os Outros - Editora do Autor, 1963

- Garoto Linha Dura - Editora do Autor, 1964

- FEBEAPÁ1 (Primeiro Festival de Besteira Que Assola o País), Editora do Autor, 1966

- FEBEAPÁ 2 (Segundo Festival de Besteira Que Assola o Pais), Editora Sabiá, 1967

- Na Terra do Crioulo Doido - FEBEAPÁ 3 - A Máquina de Fazer Doido - Editora Sabiá, 1968

Livros publicados com o nome de Sérgio Porto:

- A Casa Demolida - Editora do Autor/1963 (Reedição ampliada e revista de O Homem ao Lado - Livraria. José Olympio Editores)

- As Cariocas - Editora Civilização Brasileira, 1967


Nenhum comentário:

Postar um comentário