sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CRÔNICAS:"Dudu e a origem do PUM" e "À Noite Todos os Gatos são Pardos"

Dudu
 "Dudu e a origem do PUM"

Contaram-me esta histórinha e eu estou contando conforme eu a ouvi:
                          

Essa semana eu fui para a casa do meu avô Valter. Uma das coisas que eu mais gosto de fazer lá é ficar lendo com ele. Cada um senta numa ponta do sofá e a gente fica lendo gibís um tempão.
Mas dessa vez aconteceu um negócio diferente.
Foi assim: O meu avô estava lendo o jornal e eu estava lendo o livro que ele tinha me dado de presente, que se chama “Almanaque de puns, melecas e coisas nojentas”. Aí, de repente eu escutei um barulho assim: “Prrruuum!”
Eu perguntei: “Que barulho foi esse?”
“Que barulho?”, ele disse.
“Esse ‘prrruuum’.”
“Não escutei.”
Então eu senti um cheiro horrível! Um fedorzão!, e aí eu falei:
“Vô, você peidou!”
“Não estou sentindo nada.”
“Está o maior cheiro de podre! Acho que vou morrer asfixiado!”
Aí ele começou a rir e disse: “Asfixiado? Ah, não exagera, foi um punzinho de nada.”
Então eu botei a mão na garganta e disse: “Rrrr, socorro!, estou morrendo por causa do seu pum venenoso...”, e aí eu fiz que estava tonto, dei umas giradas pela sala e pou! Fingi que desmaiei no sofá.
Eu fiquei um tempo lá, paradão, e então aconteceu a coisa estranha. Quando eu abri os olhos, eu não estava mais na sala do meu avô. Estava num lugar muito estranho, cheio de curvas, como se fosse uma escadaria que desse quatorzes voltas malucas. E do meu lado tinha um cara azul que parecia um daqueles espaguetes de piscina.
“Oi”, disse o cara azul. “Você é novo por aqui?”
“Aqui é onde?”
“É o intestino.”
“Caramba! Como é que eu vim parar nesse lugar. Será que o pum do meu avô é que nem o pó de pirlimpimpim da Emília?”
“Emília eu não sei quem é, mas de pum eu entendo. Muito prazer, meu nome é Methanobacterium . Mas pode me chamar só de Êta.”
“Eu sou o Eduardinho, mas pode me chamar de Dudu.”
“Então, Dudu, quer dizer que você veio parar aqui com um pum mágico?”
“Mágico e fedido.”
“He, he, ele é fedido por minha causa.”
“Mas quem soltou o pum foi o meu avô Valter.”
“Ele soltou, mas fui eu que fiz. É que eu me alimento das comidas que o seu avô não consegue digerir. E aí, em vez de suar, eu fabrico um gás chamado metano. Tem outra bactéria que produz enxofre, outra que produz nitrogênio..., cada um na sua, né?”
“E esses gases todos é que viram o pum?”
“Isso. Todo mundo solta uns quinze puns por dia. Até o Presidente Lula. Quer dizer, ele deve soltar mais, porque as pessoas mais velhas têm menos enzimas para fazer a digestão, e aí sobra mais trabalho para a gente.”
“Quer dizer que eu solto quinze puns todos dos dias?”, eu perguntei.
“É. Se juntasse todos dava para encher um balão de festa.”
“Caramba, que legal! Eu e os meus amigos podíamos juntar todos os nossos puns e fazer um aniversário só com balões de pum. E depois a gente estourava tudo!”
“Ia ser uma festa inesquecível.”
“Mas será que não dá para aumentar a nossa produção de puns? Um balão por pessoa é muito pouco”, eu falei.
“Tem umas coisas que podem ajudar. Por exemplo, você pode engolir mais ar.”
“Como é que faço isso?”
“É só beber sempre de canudinho, mascar chiclete e tampa de caneta, respirar pela boca, comer muito e bem rápido...”
“Tem certeza que isso vai fazer eu soltar mais puns?”
“Claro! E você também pode escolher umas comidas mais peidófilas, tipo repolho, lentilha, batata-doce, abacate, brócolis, cebola, melancia, pimentão, pêssego e pipoca. E não pode esquecer da melhor de todas: feijão!”
“Feijão!? Por quê?”
“Por que ele tem dois açúcares que o corpo não digere bem. Aí a minha turma come esses açúcares e solta gases. Pode reparar: trinta minutos depois de você comer uma feijoada, começa o tiroteio.”
“Amanhã eu vou comer feijoada, só para ver se é verdade.”
“Claro que é. Os astronautas são até proibidos de comer feijão. Já pensou soltar uns peidos dentro da nave? Sem porta e sem janela?”
“Coitados... Se eles estivessem com o meu avô então...”
“Ele é bom de pum?”
“É campeão! Quer dizer, campunhão!”
“Aposto que ele não é melhor que o Joseph Pujol.”
“Quem é esse?”
“Era um padeiro francês que peidava tanto que decidiu ganhar dinheiro com isso. Começou a fazer shows. Imitava um monte de sons, tipo trovão, e até tocava música.”
“Ele tinha um pum afinado?”
“Afinadíssimo. E a melhor parte do show era quando ele colocava uma vela a trinta centímetros de distancia e apagava ela com um pum. O pessoal aplaudia de pé. Ele fez tanto sucesso que acabou tendo um teatro só para ele, o Pompadour. O Pujol é o ídolo do pessoal aqui do intestino. Só ele entende a beleza do nosso trabalho. Porque o pum é mais que ventinho fedido: Ele é o grito de um condenado clamando pela liberdade!”
“Caramba, você gosta mesmo de pum!”
“É, meu chapa, eu sou um espuncialista. Opa!, agora me dá licença que está chegando trabalho.”
Aí eu pisquei os olhos e de repente eu estava na sala do meu avô de novo. E ele comia um pêssego.
“Caramba,Dudu, pensei que você não fosse acordar mais.”
“Eu não dormi. Eu estava no seu intestino.”
“Ah, é? Bom, você saiu na hora certa, porque eu estou sentindo umas coisas estranhas na barriga.”
Aí ele soltou aquele “prrrrrumm” de novo e disse: “Xi, desculpa, Dudu.”
“Tudo bem, vô, não foi você, foi o Êta, o cara que mora na sua barriga.”
Aí ele disse: “Boa idéia, Dudu. Daqui para frente vou botar a culpa sempre neste
Êta”.
E soltou outro pum."PRRUUUMM " 
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 Valter,o avô
ADENDO : Os gases, como arroto e pum, são liberados de forma involuntária (sem depender da nossa vontade) pelo organismo e, na maioria das vezes, é possível segurá-los. Mas nem sempre dá para escolher quando ou não se pode eliminá-los. Ao segurar o pum, por exemplo, ele volta para o intestino até escapar de novo. No entanto, quem faz isso com frequência pode ter dores de barriga e problemas no abdômen (chamado de distensão abdominal).
O pum é um gás que sai pelo ânus, acompanhado ou não por som. Dependendo da velocidade que for expulso e da contração de uma espécie de válvula, ele será mais barulhento ou silencioso. Esse gás é o resultado do ar ingerido com a comida (ou enquanto falamos) e da decomposição dos alimentos pelas bactérias que moram no intestino grosso (último local por onde os alimentos passam antes de serem absorvidos ou eliminados pelo intestino).
Um dos gases de sua composição é o metano que, por ser mais leve do que o ar, sobe rapidamente para atmosfera; por isso, é fácil sentir seu cheiro. Alguns alimentos provocam mais gases, como grãos (feijão, ervilha), verduras (repolho) e legumes crus (couve-flor). Segundo os especialistas, o arroz é o único alimento que não dá gases.
A quantidade depende do organismo de cada um, uma vez que as bactérias presentes no intestino se diferenciam de uma pessoa para outra. Quem está doente ou com problemas de estômago tem mais chances de produzir puns mais fedidos. Dormindo ou acordados, todo mundo solta pum, entre 15 a 20 por dia, o que equivale a 1 litro e meio de gases.
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        CRÔNICA: "À NOITE TODOS OS GATOS SÃO PARDOS"

                                                                                                                                                                                                                                                                                           Autor:Fernando Ortiz
    

Numa de minhas folgas do plantão no Hospital fui ao cinema com um amigo chamado Alfredo (conhecido como “Fredão”).Fomos assistir ao filme:Zorba, o Grego.Trata-se de um filme grecoamericano rodado em 1964 e a película era em preto e branco, baseado no romance homônimo de Nikos Kazantzakis.
O filme foi dirigido magistralmente por Michael Cacoyannis e o personagem-título foi interpretado por Anthony Quinn — que não era grego, mas sim irlandês mexicano. O elenco incluiu Alan Bates como um visitante britânico. O tema musical, "Sirtaki", de Mikis Theodorakis, tornou-se famoso e popular como canção e dança (especialmente em festas).
O filme foi rodado na ilha grega de Creta.E alguns lugares específicos incluem a famosa cena onde o personagem interpretado por Quinn dança o Sirtaki que foi filmado na praia do vilarejo de Stavros.Filme brilhante do genial diretor Cacoyannis!
"Fredão" já o tinha visto pela terceira vez, mas não fazia questão de acompanhar-me em nova sessão de cinema. Acomodados que estávamos nas poltronas do cinema,eis que avisto de longe,nas primeiras fileiras nosso amigo e colega "Cabeção",assim chamado devido sua reluzente careca!!
Sem pensar duas vezes, levantei-me e fui ao encontro deste amigo. Percebi que "Fredão" quis esboçar algum comentário,mas la fui eu em direção ao "Cabeção".Cheguei por trás,para não ser identificado e ao aproximar-me daquela reluzente careca,não me contive,dei-lhe um tapa na cabeça e arrematei :
-"Cabeção" seu malandro, você deveria estar de Plantão hoje?Imediatamente ele levou à mão na cabeça para proteger-se do tapa desferido por mim e virando-se com expressão de indignação e dor,esbravejou:
-Que pôrra é essa, cara!! Você está Maluco?Que história é essa de Plantão?!Retrucou o careca. No mesmo momento percebi que não se tratava do meu amigo "Cabeção", e sim de um sujeito também careca ,muito parecido com meu amigo e agora furioso!!
Fileira atrás de mim estava o "Fredão" a rir copiosamente do meu mal entendido. Expliquei ao desconhecido que havia muita semelhança entre ele e o meu amigo, e pedi mil desculpas pelo sucedido!!O sujeito contrariado, acabou aceitando minhas desculpas e eu mais que depressa e envergonhado voltei para minha poltrona no cinema!
O "Fredão" ainda ria e disse-me: Eu até tentei avisá-lo... mas foi em vão!
A luz do cinema já estava se apagando, sinal que o filme estava por começar... Quando de repente,sem mais e sem menos,"Fredão"agora sério olha-me e lança-me um desafio:Você teria coragem de voltar lá e bater novamente na cabeça daquele careca?Prontamente, respondi que:
- NÃO!!
Ele não se conteve e desafiou-me:
-Aposto com você mil reais... nota de cem sobre nota de cem!!
Disse-lhe que não!!E pedi que esquecesse o assunto!! 
Insistentemente ele continuou:
-Dobro à aposta para dois mil reais... Duvido que você consiga!!
Pensei com meus botões, é uma boa soma em dinheiro, e está fazendo-me falta!Sem pestanejar,e antes que o "Fredão" desistisse da oferta,disse-lhe:
-Aceito!!E imediatamente fui ao encontro daquela reluzente careca, no escuro do cinema. Aproximei-me bem devagar e desferi um tremendo tapa na cabeça daquele careca e emendei:
-"Cabeção" você por aqui, seu safado!O sujeito sem entender o que estava acontecendo, olhou-me com os olhos arregalados e eu continuei:
-Você nem imagina o que aconteceu comigo agora a pouco... Eu dei um tapa na cabeça de um careca, pensando que fosse você... Só comigo acontece uma coisa desta: Confundi você com outra pessoa!!
Nem esperei pela reação do sujeito, voltei mais que depressa para a minha poltrona no cinema... "Fredão" estava mudo... Não era para menos tinha acabado de perder dois mil reais!!!
Sorri sem graça, no fundo gabava-me da minha traquinice... Afinal, tudo não passou de uma simples brincadeira!!



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