sábado, 3 de dezembro de 2011

Crônica:"EPOPÉPIA BANCÁRIA"

                                                       Crônica do Livro: "CAUSOS"CLÍNICOS


                                                                                                                   
                                                                                                                Autor:Fernando Ortiz

Era hora do almoço, arrisquei ir ao banco, mesmo sabendo que era Dia de Pagamento. Atravessei a rua as pressas, não podia perder tempo. Adentrei o banco e tentei transpor a porta giratória, tentei... Mas foi em vão... Na primeira tentativa, acabei barrado. No rosto do guarda de segurança notei um sorriso triunfante. Tentei novamente e de novo fui barrado, sentia-me fisgado tal qual um peixe. O meu semblante já franzia diante da situação constrangedora. E o guarda balbuciou algumas palavras: Carrega algo de metal? E determinou, deposite na bandeja ao lado!
Imediatamente, esvaziei os bolsos: Celular, chaves, estetoscópio, caneta, moedas, carimbo médico, carteira... Pronto estava tudo lá a disposição daquele guarda com cara pouca amistosa!
Até que tive autorizada minha entrada no banco!Recolhi o mais rápido possível meus pertences e fui em direção ao caixa!E qual minha surpresa ao constatar aquilo que suspeitava!Dia de pagamento inevitavelmente iria deparar com filas enormes nos caixas!Recuei e resolvi dar meia volta e sair do Banco!Mas, tinha contas inadiáveis para pagar... 
Então resolvi arriscar os caixas eletrônicos, que milagrosamente estava um vazio, parece até que estava me esperando.
Dirigi-me até este caixa e comecei minha operação bancária, mas antes observei atentamente as instruções na tela e segui a risca os comandos: Introduza seu cartão... Assim o fiz!Retire seu cartão... Obedeci!Novamente introduza seu cartão... Lá fui eu!Digite sua senha... Tentei digitar, fui logo interrompido... Senha incorreta!Aperte a tecla "Corrige”... Assim procedi!Nova ordem: Introduza o seu cartão!Fiz. Nova Ordem: Digite sua senha!Desta vez digitei certo!Nova ordem na tela: Digite dia do seu nascimento!Fiz. Nova ordem: Digite o valor a ser sacado!Digitei R$200.00 e aguardei... E nada de aparecer o dinheiro!
Olhei para trás e uma fila já começava a se formar diante da minha demora. Inconformado bati varias vezes no orifício por onde as cédulas deveriam sair...E nada!

Notei que atrás de mim um senhor nissei de óculos e com terno e gravata se mostrava impaciente... Resolvi pedir ajuda, um guarda se aproximou e me aconselhou: Doutor utilize o caixa ao lado para fazer sua operação bancária!Eu ponderei que só faltava resgatar o dinheiro... Ele argumentou que talvez o caixa estivesse com problemas técnicos e eu não conseguiria efetuar meu saque!Vencido pelo argumento, fui ao caixa ao lado e comecei minha operação bancária, observei agora mais atentamente as instruções na tela e segui novamente a risca os comandos: Introduza seu cartão... Assim o fiz!Retire seu cartão... Obedeci!Novamente introduza seu cartão... La fui eu de novo!Digite sua senha... Digitei (Desta vez acertei!). Nova ordem: Introduza o seu cartão!Fiz. Nova Ordem na tela: Digite dia do seu nascimento!Fiz. Nova ordem: Digite o valor a ser sacado! Digitei duzentos reais e aguardei...

Enquanto isso o senhor nissei, no mesmo caixa que eu estava anteriormente conseguiu sacar duzentos reais!Opa!Exclamei. Tem algo de errado... Esse dinheiro é meu!O idoso nissei impassível fitou-me e diante de meu tom resoluto e incisivo calou-se e consentiu!Neste espaço de tempo notei que no caixa que me encontrava havia disponibilizado o valor solicitado, ou seja, duzentos reais!
Na confusão alertei o senhor para que não saísse de perto de mim até eu conferir meu saldo bancário, pois eu suspeitava até então que o dinheiro que ele sacara também era meu!E o homem de olhos amendoados e tez pálida, permaneceu impassível aguardando! Após alguns minutos a terrível confirmação na tela: Na minha conta bancária só constava o valor de um saque de R$200.00 e não dois saques do mesmo valor como havia deduzido!
Portanto, aquele dinheiro era dele!Esclarecida a trapalhada digital pedi mil perdões a aquele senhor nissei! Ele, desta vez furioso fulminou-me com o olhar, então se virou e saiu do banco a passos largos!Foi aí que percebi que em volta de mim havia se formada uma pequena roda de curiosos que com o desfecho da situação dissipou-se!Quanto a mim tratei  imediatamente de ir embora, sem olhar para trás!...A vergonha era grande! 

 

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