"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."
Nelson Rodrigues nasceu da cidade do Recife - PE, em 23 de agosto de 1912. Seu pai, deputado e jornalista do Jornal do Recife, por problemas políticos resolve se mudar para o Rio de Janeiro, onde vem trabalhar como redator do jornal Correio da Manhã. Em julho de 1916, esposa e filhos chegam ao Rio de Janeiro.
Nelson ia sendo criado dentro do clima da época no Rio: as vizinhas gordas na janela, fiscalizando os outros moradores, solteironas ressentidas, viúvas tristes, com as pernas amarradas com gazes por causa das varizes. Nelson registrava em sua memória esse cenário. Daí sairiam os personagens de sua obra literária.
Nesse período, Nelson presenciou grandes discussões entre seus pais, causadas por ciúmes que seu genitor tinha de sua mãe. O autor seguia sua vida, sentindo a ausência do pai, sempre envolvido com a política e o jornalismo.
Para compensar a falta de contato com os filhos, Mário Rodrigues(O Pai) permitia sua ida ao Correio da Manhã para visitá-lo. Dizem que jamais sonhou em ter seus filhos jornalistas.Mas, aos poucos, à medida em que Nelson entrava na adolescência, foi sendo possuído por uma indolência melancólica, ficando depressivo.
Nelson inicia sua carreira jornalística em 29 de dezembro de 1925, como repórter de polícia, ganhando trinta mil réis por mês. Tinha treze anos e meio, era alto e magro. O autor impressiona os outros jornalistas com sua capacidade de dramatizar pequenos acontecimentos. Especializou-se em descrever pactos de morte entre jovens namorados, tão constantes naquela época.
O indomável escritor cria um tablóide de quatro páginas intitulado Alma Infantil,depois de cinco números e muitos ataques a políticos pernambucanos e a cariocas, Nelson desiste do tablóide.
Nessa época, o autor e seus irmãos mais velhos trabalhavam no jornal A Manhã: Milton era o secretário, Roberto ilustrava algumas reportagens, Mário Filho começou como gerente, indo depois para a página literária e depois a de esportes. Nelson havia abandonado desde 1927 a terceira série do ginásio e nunca mais voltou à escola, apesar do esforço desenvolvido por seu pai.
Tendo garantido uma coluna assinada na página três do jornal — a página principal — o escritor publica seu primeiro artigo, em 07 de fevereiro de 1928. Tinha o título de "A tragédia de pedra...", Depois vieram "Gritos Bárbaros", "O elogio do silêncio", "A felicidade", e "Palavras ao mar", todos de grande sensibilidade poética. Seu lado catástrofico só apareceu na crônica de 16 de março, "O rato...", em que ele conta como viu um rato morto, achatado por um carro, defronte à Biblioteca Nacional. O jornal, mal administrado, está cheio de dívidas. O sócio de seu pai, Antônio Faustino Porto, torna-se sócio majoritário e oferece o emprego de diretor a Mário Filho. Este aceita, mas fica só um dia. A intervenção do novo dono em seus artigos faz com que ele e a família deixem o jornal.
Nelson foi para o Recife, única forma encontrada pela família para tentar livrá-lo da depressão.Ao lado dos primos Augusto e Netinha (com quem mantinha há algum tempo um namoro), conheceu Recife e Olinda, a praia da Boa Viagem e, com Augusto, a zona de mulheres do Cais do Porto, considerada a maior da América do Sul. Sua prima, não se sabe como, tirou-o da depressão, fazendo-o voltar a todo vapor para a redação do jornal "Crítica" no Rio(de propriedade de seu Pai).
Em 26 de dezembro de 1929 o jornal estampa matéria, na primeira página, sobre o desquite de Sylvia e José Thibau Jr. No dia 27, pela manhã, Sylvia entra na redação da Crítica procurando por Mário Rodrigues(O Pai). Não o encontrando, pede para falar com seu filho Roberto e dá-lhe um tiro no estômago. Nelson viu e ouviu aquilo tudo. Com dezessete anos e quatro meses, era a primeira cena de violência brutal que presenciava. Seu irmão faleceu no dia 29.
Ninguém conseguirá penetrar no teatro de Nelson Rodrigues sem entender a tragédia provocada pela morte do irmão Roberto. Nelson apenas chorava. Joffre, de catorze anos, ganhou um revólver de Mário Rodrigues(O Pai) e passou a andar armado pela cidade à noite. Sabia que Sylvia tivera sua prisão relaxada. Se a encontrasse, a mataria.
Apenas 67 dias após a morte do filho, Mário Rodrigues(O Pai) sofre, aos 44 anos, um derrame cerebral. Faleceu dias depois.
Estoura a revolução, em 3 de outubro, no Rio Grande do Sul, Minas e quase todo o Nordeste.O jornal Crítica, num erro de avaliação, continua a atacar os rebeldes. Em 24 de outubro Washington Luís é deposto e a turba sai para acertar as contas com os jornais do velho regime. As redações e oficinas de diversos jornais são invadidas e destruídas. Dentre elas, a do jornal dos Rodrigues. De todos eles só um não voltaria a circular: Crítica.
Os irmãos começam a procurar emprego, coisa que para eles não estava nada fácil. Até que um dia uma porta se abriu para Mário Filho e os outros irmãos acompanharam.Irineu Marinho havia fundado o jornal O Globo em 1925, mas, apenas 21 dias após o jornal circular pela primeira vez, morreu de enfarte. Roberto Marinho, filho de Irineu, era o sucessor natural mas achou-se muito inexperiente para comandar um jornal. Chamou um velho companheiro de seu pai, Euricles de Matos, para tocar o negócio. Mas, em maio de 1931 Euricles também faleceu e Roberto Marinho convida Mário Filho para assumir a página de esportes de O Globo. Mário aceitou, desde que pudesse levar seus irmãos Nelson e Joffre. Roberto Marinho aceitou.
Nelson era chamado de "filósofo" pelos colegas de O Globo, tinha um aspecto desleixado, um só terno e não vestia meias por não tê-las. Com a ajuda de Mário Martins e o beneplácito de Roberto Marinho, Mário Filho lança seu jornal, Mundo Esportivo, justo no fim do campeonato de futebol. Sem ter assunto, inventaram algo que seria uma mina de dinheiro anos depois: o concurso das escolas de samba.
Em 1932 o autor teve sua carteira assinada em O Globo, um ano após começar a trabalhar naquele diário, com um ordenado de quinhentos mil réis por mês. Entregava todo o dinheiro para sua mãe e recebia uns trocados de volta para comprar seus cigarros (média de quatro carteiras por dia). Em compensação, economizava pois voltava de carona com o "Dr. Roberto" para casa.
Nesse meio tempo, tinha suas paixões: por Loreta Carbonell, argentina de olhos azuis, bailarina do Municipal, por Eros Volúsia, filha da poetisa Gilka Machado, também bailarina, linda e jovem morena. Depois vieram Clélia, uma estudante de Copacabana e Alice, professora de Ipanema.
A tosse seca e uma febre baixa, porém persistente,foram os avisos dados a Nelson, além de sua magreza. Sua irmã Stella, já médica, arranjou uma consulta. O médico constatou através dos sintomas um quadro de tuberculose pulmonar, o grande mal do ano de 1934.
Vai, então, para Campos do Jordão - SP, local recomendado para tratamento, sozinho, sem saber se voltaria. Foi a primeira de uma série de seis internações. Roberto Marinho, sabendo das dificuldades da família, continuou pagando seu ordenado normalmente. Nelson passou 14 meses no Sanatórinho, de abril de 1934 a junho de 1935. Compensava a ausência de parentes e amigos com cartas, muitas delas para Alice, a professorinha.
Em abril de 1936, a terrível doença atacou seu irmão Joffre, com 21 anos, que foi levado para o Sanatório em Correias - RJ. No dia 16 de dezembro de 1936 Joffre faleceu.
Voltando de sua segunda estada em Campos de Jordão, Nelson foi informado da presença de Elza na redação do jornal, "dezenove anos, moradora do Estácio e dura na queda." Ele, então, sentenciou: "Está no papo."
Nelson se aproxima de Elza, expõe sua situação de penúria de saúde e financeira, e fala em casamento. A mãe de Elza, quase teve um ataque, tendo a honra de ter sido acompanhada nisso por Roberto Marinho. Ele disse a Elza: "Está sabendo que vai se casar com um rapaz muito inteligente e de grande talento, mas pobre, absolutamente preguiçoso e doente? Sua mãe está coberta de razão!" Mesmo assim marcaram para se casar no dia do aniversário de Elza: 08 de maio de 1939. Se fosse preciso, fugiriam. Porém, em 13 de maio, mandou para a noiva um recado que dizia: "Amor, estou com a alma cheia de pressentimentos tristes". Era a tuberculose que o atacava novamente.
Nos quatro meses em que ficou internado, Nelson mostrou seu lado ciumento. Vivia atormentado com isso e, na volta, acabou desfazendo o noivado. Mas o coração falou mais forte do que o infundado ciúme e marcaram novamente o casamento, contrariando a mãe da noiva e o patrão de ambos.
No dia 29 de abril de 1940, sem externar qualquer anormalidade, Elza saiu para trabalhar, foi para a casa de uma amiga onde trocou de roupa e casou-se no civil, diante do juiz. Depois, foram comemorar tomando uma média com torrada na leiteria "Palmira". Voltaram para O Globo e trabalharam normalmente. Haviam acertado, por vontade de ambos, que a noite de núpcias só aconteceria após o casamento religioso.
Os irmãos de Elza ficaram sabendo e falaram até em matá-lo. Nelson, com a alma leve, alugou uma casinha no Engenho Novo. Era sua volta ao subúrbio. Compraram móveis de segunda mão e Mário, o irmão, lhe deu de presente a cama de casal e a penteadeira. Finalmente a sogra dá o "de acordo" e o casamento religioso se realiza, em 17 de maio, após o autor, com quase 28 anos, ter sido batizado, fazer a primeira comunhão e estudado o catecismo, como manda a santa madre Igreja.
Após seis meses de casamento, certa manhã Nelson acorda e comunica a Elza que estava cego. Não enxergava nada. Descobriu, indo ao médico, que se tratava de uma seqüela da tuberculose. Tomou muito medicamento, melhorou, mas 30 por cento de sua visão estava perdida para sempre, nos dois olhos. Apesar do estado de penúria em que se encontravam, Nelson pediu a Elza que deixasse o emprego quando se casassem. Logo que pode comprou um telefone e ligava para ela de hora em hora. Ciúme? Nelson procurava uma saída para seu aperto financeiro. Elza estava grávida e seu salário estava estagnado nos 500 mil réis mensais. Um dia, uma luz se acendeu na cabeça do autor: por que não escrever para o teatro?
Em 1941 escreveu sua primeira peça, A mulher sem pecado. Nessa época as peças ficavam, no máximo, duas semanas em cartaz. Nelson oferece sua peça para dois grandes artistas,mas não conseguiu encená-la.
Nasce seu primeiro filho.O autor, por ordens médicas, não podia ficar perto do filho. Descobre também que tinha uma úlcera do duodeno. O médico lhe prescreve regime alimentar e manda que ele pare de tomar café e de fumar, coisa que nunca fez. Depois de muita luta, em 09 de dezembro de 1942, A mulher sem pecado foi encenada com direção de Rodolfo Mayer, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro. Lá ficou por duas semanas e não teve repercussão nenhuma perante o público. Alguns críticos e amigos elogiaram, e isso bastava ao autor.Em janeiro de 1943 Nelson escreve sua segunda peça teatral: Vestido de Noiva. Elza, sua mulher, fez mais de vinte cópias datilografadas para serem entregues a jornalistas, críticos e amigos.
Recém-chegado ao Brasil: Zbigniew Ziembinski,o grande ator e diretor leu a peça" Vestido de Noiva" e disse: "Não conheço nada no teatro mundial que se pareça com isso". O autor conhece o diretor e tem início a epopéia do grupo "Os Comediantes": oito meses de ensaios, oito horas por dia. Às 20h30 do dia 28 de dezembro de 1943, os portões foram abertos e 2.205 espectadores viram a peça. Duas horas depois a peça chegou ao fim. O silêncio foi total na platéia. Nos bastidores ninguém sabia o que fazer. Ziembinski, entre palavrões em polonês, manda subir o pano. Os artistas surgem e o aplauso é ensurdecedor. O diretor aparece e o teatro delira. Alguém grita na platéia: "O autor, o autor". Nelson estava escondido em um camarote, lutando contra a dor de sua úlcera, e não foi visto por ninguém. Apesar da fama que a peça lhe deu , ele continuava sendo mal pago pelo O Globo. Em fevereiro de 1945 é convidado por David Nasser, de O Cruzeiro, para uma conversa com Freddy Chateaubriand. Foram almoçar, além do autor, Freddy Chateaubriand, Millôr Fernandes e David Nasser. A oferta era inacreditável: cinco contos de réis (já nessa época cinco mil cruzeiros) — mais de sete vezes o que lhe pagava Roberto Marinho.
Nelson foi para seu novo emprego: diretor de redação das revistas Detetive e de O Guri. Soube que Freddy Chateaubriand estava querendo comprar um folhetim francês ou americano para O Jornal, que estava com uma tiragem de apenas 3.000 exemplares por dia e sem anúncios. Nelson ofereceu-se para escrever o folhetim. Daí nasceu o pseudônimo Suzana Flag e o texto Meu destino é pecar.
Foram escritos 38 capítulos que elevaram a tiragem do jornal para quase trinta mil exemplares. Calcula-se que a venda tenha ultrapassado a trezentos mil livros. Isso provocou o começo de outro folhetim, Escravas do amor, cujo sucesso foi também retumbante.
Em março de 1945 é atacado, novamente, pela tuberculose.Resolveu ir para Campos de Jordão, em junho teve alta e, face à proximidade do parto de sua mulher, voltou correndo para o Rio.
Começa a escrever, então, Álbum de família. Em fevereiro de 1946 o texto é submetido à censura federal e os censores proibem a peça. A peça só foi liberada em 1965 e encenada pela primeira vez em julho de 1967.
Anjo negro, estréia em abril de 1948. Escreve Senhora dos afogados,que é proibida em 1948. Escreve Dorotéia, em 1949, que muitos consideram seu melhor trabalho teatral.
Uma mulher chama a atenção do autor nas coxias do Teatro Phoenix, quando da encenação de Anjo negro: era Eleonor Bruno, que estava ali para tomar conta de sua filha de apenas 13 anos, Nicete, que estreava como atriz. Iniciou um romance com Eleonor, até que um dia sua esposa Elza descobriu e fez um escândalo, então ele voltou com o rabo entre as pernas para casa.E seu romance com Eleonor terminou.Em 1949 Freddy Chateaubriand vai comandar o jornal "Diário da Noite" e leva Nelson consigo.
Em 1950 o autor demite-se dos "Diários Associados" e fica esperando convites de outros jornais. Ficou um ano esperando... Nesse período, faz um "bico" no Jornal dos Sportes de seu irmão Mário Filho. No ano seguinte vai vai para a Última Hora e escreve a coluna "A vida como ela é...".
Um dia, na rua Agostinho Menezes, onde então Nelson morava, um marido banana que era chutado como um cão pela esposa e ainda a bajulava, cansou-se do tratamento que vinha recebendo e, no meio da rua, deu uma sova de cinto na cara-metade. É claro que a vizinhança correu para ver o fato, sendo que as mulheres gritavam: "Bate mais, bate mais". O marido bateu até se cansar, parou, e então o inesperado aconteceu: a mulher atirou-se aos seus pés, aos beijos. E, desde aquele dia, passou a desfilar com o ex-banana, de braço dado e nariz empinado, toda orgulhosa. Ao ouvir os comentários das vizinhas que tinham apoiado maciçamente a surra, Nelson concluiu: "Toda mulher gosta de apanhar".
Em 08 de junho de 1953 estréia no Teatro Municipal do Rio a peça "A falecida". Chamada de "tragédia carioca" era, na verdade, uma comédia."Senhora dos Afogados" é encenada no Rio, em 1954, com direção de Bibi Ferreira. A platéia, ao final, dividiu-se e uma parte gritava "GÊNIO" e a outra "TARADO". O autor não agüentou e reagiu à platéia, gritando do palco: "BURROS! BURROS!".
"Perdoa-me por me traíres" teve, também, problemas de liberação com a censura, em 1957 — sofreu cortes. "Viúva, porém honesta" estreou em 13 de setembro do mesmo ano.Em 1958 estréia "Os sete gatinhos".
De agosto de 1959 a fevereiro de 1960, foram publicados dois livros, intitulados "Engraçadinha — seus amores e seus pecados dos doze aos dezoito" e "Engraçadinha — depois dos trinta".
O autor almoçava com sua mãe quase todo dia. Tomava o ônibus na Central do Brasil e ia até o Parque Guinle. Um dos motoristas gostava de exibir-se: tinha vinte e sete dentes na boca, mas eram todos de ouro. Nelson baseado neste fato escreveu a história de um bicheiro do submundo carioca,surgindo a peça o "Boca de Ouro".
Ainda no final de 1960 o autor entrega a Fernanda Montenegro e a seu marido Fernando Tôrres a peça "Beijo no asfalto". Ficou sete meses em cartaz, pelo Brasil. E esta peça provocou a saída de Nelson da "Ultima Hora", pois nela fazia referências pouco positivas à imagem do jornal. Voltou ao "Diário da Noite" com "A vida como ela é" e, após dez meses, em julho de 1962, foi para "O Globo", com a coluna de futebol, "À sombra das chuteiras imortais".
Nelson conhece Lúcia Cruz Lima, que logo passa a ser sua namorada. Só que desta vez a coisa era séria. Casada e bem casada, mãe de três filhos, ela logo se apaixona, deixa o marido e volta a viver com os pais. Ele demora dois anos para se separar de Elza. Já havia alugado um pequeno apartamento e Lúcia estava grávida. Após um almoço de despedida, após o qual Elza tentou suicidar-se, ele partiu de malas e bagagens.
Na marquise do Teatro Maison de France, no Rio, piscava o título da nova peça de Nelson: "Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária". Otto quase morreu de susto e ficou profundamente irritado. Ela ficou por cinco meses em cartaz. Nelson adorava essas brincadeiras e fez o mesmo com Fernando Sabino.
Nelson escreveu a primeira novela brasileira de todos os tempos: "A morte sem espelho". Apesar do grande elenco — Fernanda Montenegro, Fernando Tôrres, Sérgio Brito (que também respondida pela direção), Ítalo Rossi, Paulo Gracindo (que estreava na TV), música de Vinícius de Moraes — não foi autorizada a sua apresentação às oito e meia da noite. Conseguiu-se, finalmente, autorização para o horário das dez horas, que não compensava financeiramente. Nelson foi convidado a encerrá-la rapidamente.
Depois de ser renegada por muitas atrizes, "Toda nudez será castigada" estréia em 1965 e é um sucesso. Os artistas são aplaudidos em cena aberta, os ingressos são avidamente disputados e fica em cartaz por seis meses no Teatro Serrador e em excursão pelo Brasil.
Em 1966 o autor muda-se, a convite de Walter Clark, para a TV Globo. No programa "Noite de gala" o autor apresentava o quadro "A cabra vadia", onde entrevistava pessoas. O primeiro foi João Havelange, presidente da CBD - Confederação Brasileira de Desportos.
Nessa época ele escreveu "O Casamento". Era um carnaval de incestos e perversões às vésperas de um casamento. O livro vendeu 8.000 exemplares nas primeiras duas semanas de setembro de 1966.
1970 marca o início dos anos duros da ditadura militar no Brasil. Em 1972 começa nova luta: seu filho, Nelsinho é um dos terroristas mais procurados pelas forças armadas. "Prancha" (seu codinome) foi preso em 30 de março de 1972. Dois anos antes, quando seu filho já vivia na clandestinidade, Nelson consegue com o presidente da República, Gal. Medici, que ele saísse do país. Nelsinho não aceita o privilégio. Após a prisão de Nelsinho, começa a luta para localizá-lo e procurar mantê-lo vivo, pois a tortura era uma prática corrente.
Nelson escreve "Anti-Nelson Rodrigues" no final de 1973. Em 1974, o autor faz alguns exames e é levado de imediato para São Paulo para ser operado de um aneurisma da aorta. Passou por duas operações, quase morreu, Elza volta para casa e voltam a viver juntos. O autor escreveu sua grande e última peça — "A Serpente" — e em meados de 1979, é internado e permanece inconsciente na UTI do hospital Pró-Cardiaco.Nelson Rodrigues falece na manhã do dia 21 de dezembro de 1980.
Livros:
Romances:
- Meu destino é pecar,"O Jornal" - 1944 / "Edições O Cruzeiro" - 1944 (como "Suzana Flag")
- Escravas do amor, "O Jornal" - 1944 / "Edições O Cruzeiro" - 1946 (como "Suzana Flag")
- Minha vida, "O Jornal" - 1946 / "Edições O Cruzeiro" - 1946 (como "Suzana Flag")
- Núpcias de fogo, "O Jornal" - 1948. Inédito em livro. (como "Suzana Flag")
- A mulher que amou demais, "Diário da Noite" - 1949. Inédito em livro. (Como Myrna)
- O homem proibido, "Última Hora" - 1951. "Editora Nova Fronteira", Rio, 1981 (como Suzana Flag).
- A mentira, "Flan" - 1953. Inédito em livro. (Como Suzana Flag).
- Asfalto selvagem, "Ultima Hora" - 1959-60. J.Ozon Editor, Rio, 1960. Dois volumes. (Como Nelson Rodrigues)
- O casamento, Editora Guanabara, Rio, 1966 (como Nelson Rodrigues).
- Asfalto selvagem - Engraçadinha: seus amores e pecados, "Companhia das Letras", São Paulo.
- Núpcias de fogo, "Companhia das Letras", São Paulo. (como Suzana Flag).
Contos:
- Cem contos escolhidos - A vida como ela é..., J. Ozon Editor, Rio, 1961. Dois volumes.
- Elas gostam de apanhar, "Bloch Editores", Rio, 1974.
- A vida como ela é — O homem fiel e outros contos, "Companhia das Letras", São Paulo, 1992. Seleção: Ruy Castro.
- A dama do lotação e outros contos e crônicas, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A coroa de orquídeas, "Companhia das Letras", São Paulo.
Crônicas:
- Memórias de Nelson Rodrigues, "Correio da Manhã" / "Edições Correio da Manhã", Rio, 1967.
- O óbvio ululante, "O Globo" / "Editora Eldorado", Rio, 1968.
- A cabra vadia, "O Globo" / "Editora Eldorado", Rio, 1970.
- O reacionário, "Correio da Manhã" e "O Globo" / "Editora Record", Rio, 1977.
- O óbvio ululante — Primeiras confissões, "Companhia das Letras", São Paulo, 1993. Seleção: Ruy Castro.
- O remador de Ben-Hur - Confissões culturais, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A cabra vadia - Novas confissões, "Companhia das Letras", São Paulo.
- O reacionário - Memórias e Confissões, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A pátria sem chuteiras - Novas crônicas de futebol, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A menina sem estrela - Memórias, "Companhia das Letras", São Paulo.
- À sombra das chuteiras imortais - Crônicas de Futebol, "Companhia das Letras", São Paulo.
- A mulher do próximo, "Companhia das Letras", São Paulo.
FRASES:
- Flor de obsessão: as 1000 melhores frases de Nelson Rodrigues, "Companhia das Letras", São Paulo, 1997, seleção e organização: Ruy Castro.
Teatro:
- Teatro completo, "Editora Nova Fronteira", Rio, 1981-89. Quatro volumes. Organização e prefácios de Sábato Magaldi.
Peças:
- A mulher sem pecado, 1941 - Direção Rodolfo Mayer
- Vestido de noiva, 1943 - Direção: Ziembinski
- Álbum de família, 1946 - Direção: Kleber Santos
- Anjo negro, 1947 - Direção: Ziembinski
- Senhora dos afogados, 1947 - Direção: Bibi Ferreira
- Dorotéia, 1949 - Direção: Ziembinski
- Valsa nº.6, 1951 - Direção: Henriette Morineau
- A falecida, 1953 - Direção: José Maria Monteiro
- Perdoa-me por me traíres, 1957 - Direção: Léo Júsi.
- Viúva, porém honesta, 1957 - Direção: Willy Keller
- Os sete gatinhos, 1958 - Direção: Willy Keller
- Boca de Ouro, 1959 - Direção: José Renato.
- Beijo no asfalto, 1960 - Direção: Fernando Tôrres.
- Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária, 1962 - Direção Martim Gonçalves.
- Toda nudez será castigada, 1965 - Direção: Ziembinski
- Anti-Nelson Rodrigues, 1973 - Direção: Paulo César Pereio
- A serpente, 1978 - Direção: Marcos Flaksman
Obs.- as peças de Nelson Rodrigues vêm sendo encenadas por diversas companhias teatrais em todo o Brasil até esta data.
Novelas de TV:
- A morta no espelho, TV Rio, 1963
- Sonho de amor, TV Rio, 1964
- O desconhecido, TV Rio, 1964
FILMES:
- Somos dois, 1950
- Meu destino é pecar, 1952
- Mulheres e milhões, 1961
- Boca de Ouro, 1962
- Meu nome é Pelé, 1963
- Bonitinha, mas ordinária, 1963
- Asfalto selvagem, 1964
- A falecida, 1965
- O beijo, 1966
- Engraçadinha depois dos trinta, 1966
- Toda nudez será castigada, 1973
- O casamento, 1975
- A dama do lotação, 1978
- Os sete gatinhos, 1980
- O beijo no asfalto, 1980
- Bonitinha, mas ordinária, 1980
- Álbum de família, 1981
- Engraçadinha, 1981
- Perdoa-me por me traíres, 1983
- Boca de Ouro, 1990.
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