Otto de Oliveira Lara Resende nasceu no dia 1°. de maio de 1922, em São João del Rei, Minas Gerais.Falece no Rio inesperadamente aos 28 de dezembro de 1992.Foi através do professor e orientador que teve contato com o Boletim de Ariel, a revista literária dos anos 30, e com a obra de Agripino Grieco, do qual se tornou admirador.Segundo Otto, foi aí que resolveu ser escritor. "Eu estava convencido de que tinha vindo ao mundo para escrever, para lutar com as palavras, por mais vã que fosse essa luta".Tornou-se um leitor voraz de Machado de Assis. "A descoberta de Machado de Assis, de sua visão cética, amarga, de sua ironia, de seu sense of humour, desvendou um mundo para mim. Aos catorze, quinze anos, eu talvez fosse mais amargo e mais pessimista do que Machado...".
Seguindo os passos de seu pai, aos 14 anos já era professor de Francês, que aprendeu por conta própria.Em 1938 Otto, no esplendor de seus 16 anos, muda-se com a família para Belo Horizonte, onde morou por sete anos."Na carreira literária a glória está no começo.O restante da vida é aprendizado intensivo para o anonimato", disse Paulo Mendes Campos.Em Belo Horizonte ele inicia sua carreira literária.Naquela época, o poema "No meio do caminho", de Drummond, ainda provocava escândalo.Otto, que era um jovem aplicado.Lecionava Português e Francês no Instituto Padre Machado, do qual era um dos herdeiros, o que levava a crer que seguiria a carreira de professor.Conhece Fernando Sabino e juntos aderem à causa do escotismo.Freqüenta, com Paulo Mendes Campos, velho conhecido, o curso de inglês. Juntou-se ao grupo Hélio Pellegrino, futuro psicanalista de renome. Os quatro amigos formaram o mais célebre quarteto que o Brasil já conheceu. Nas palavras de Otto, os "adolescentes definitivos". Amantes ardorosos da literatura, eram também portadores de feroz sentimento antifascista.Passando do campo das idéias para o campo das ações, Otto e Hélio, publicam e distribuem clandestinamente o jornal "Liberdade", contra o Estado Novo.
Aos dezoito anos, começa a trabalhar como jornalista no periódico "O Diário", de Belo Horizonte, ao mesmo tempo em que é professor, funcionário público e estudante de Direito. Sua estréia na imprensa, em 1940, se dá com o artigo "Panelinhas literárias". Dai por diante nunca mais deixou de ser jornalista, tendo chegado a editar o suplemento literário do "Diário de Minas". No Rio, anos depois, trabalhou no "Diário de Notícias", "O Globo", "Diário Carioca", "Correio da Manhã", "Última Hora", "Manchete", "Jornal do Brasil" e "TV Globo".Quando morreu era cronista do jornal "Folha de São Paulo".Em 1945, já formado em Direito, Otto muda-se para o Rio de Janeiro, onde já moravam seus amigos Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos. Vai trabalhar como repórter no "Diário de Notícias". E é nomeado, em 1960, procurador do Estado da Guanabara.Seu primeiro livro de contos, "Lado Humano", é lançado em 1952 pela "Editora A Noite".Em 1957, a "Editora José Olympio" publica seu segundo livro de contos, "Boca do Inferno".
Trabalhava na revista "Manchete" nessa ocasião, tendo iniciado como redator-chefe e depois como diretor. Otto cativou Adolpho Bloch, dono da publicação, com sua conversa e, segundo consta A revista, nas mãos de Otto, melhorou.Viaja para a Bélgica, onde vai exercer as funções de adido cultural brasileiro junto à Embaixada em Bruxelas.Em 1960, volta ao Brasil.Assume a função de editorialista do Jornal do Brasil. Funda, com Rubem Braga e Fernando Sabino, entre outros amigos, a Editora do Autor. Por ela são publicados "O retrato na gaveta" (1962), "O braço direito" (1963). Em 1964 escreveu "A cilada", um conto sobre a avareza no livro "Os sete pecados capitais", publicado pela Civilização Brasileira, em companhia de Guimarães Rosa (soberba), Carlos Heitor Cony (luxúria), Mário Donato (ira), Guilherme Figueiredo (gula), José Condé (inveja) e Lygia Fagundes Telles (preguiça).
Disse Nelson Rodrigues: "A grande obra de Otto Lara Resende é a conversa. Deviam pôr um taquígrafo atrás dele e vender suas anotações em uma loja de frases".Nelson adorava pôr amigos (e inimigos também) como personagens em suas peças, crônicas e romances.Otto tornou-se um dos personagens da predileção do dramaturgo. Citado em crônicas, culminou por ser "homenageado" e ter uma peça com seu nome: "Bonitinha mas ordinária ou Otto Lara Resende". O biografado, para sua surpresa e desgosto, figurou no cartaz e no letreiro do Teatro Maison de France, no Rio de Janeiro, em 1962, quando a peça estreou e ficou em cartaz por cinco meses.Ele detestou a brincadeira. Em represália, não foi assistir ao espetáculo. Com o tempo, o caso foi esquecido e os dois continuaram bons amigos.Em 1967, estréia seu programa "O pequeno mundo de Otto Lara Resende" na "TV Globo". Uma participação diária de 60 segundos, onde falaria sobre os acontecimento do dia.
Ainda naquele ano, Otto despede-se temporariamente do "Jornal do Brasil" e da "TV Globo" e muda-se com a família para Portugal, onde residiria por dois anos, exercendo as funções de adido cultural junto à nossa Embaixada naquele país.Quando retornou ao Brasil, em 1969, voltou a trabalhar no "Jornal do Brasil", agora como diretor. Foi de extrema importância sua atuação junto à autoridades que detinham o poder, pois era obrigado a lidar com a censura, atos institucionais, desmandos e tudo o mais que compunham o ambiente da época.Saiu do "Jornal do Brasil" em 1974 e, logo depois ingressou nas organizações "Globo".Em 1975, publica o livro de contos "As pompas do mundo".Em 03 de julho de 1979 é eleito membro da Academia Brasileira de Letras.Após ter trabalhado por dez anos nas organizações "Globo" (1974/1984), foi demitido sem saber porquê. A verdade é que tal fato o deixou abaladíssimo. Durante seis anos remoeu essa mágoa e, em 1991, voltou a brilhar em nova fase profissional, quando foi contratado pelo jornal "Folha de São Paulo" como colunista.Escreve quase 600 crônicas no período em que esteve na Folha de São Paulo, de Maio de 1991 a novembro de 1992.E publica mais um livro, "O elo partido e outras histórias".Deixa o jornalismo aos 70 anos e, logo em seguida, a vida. Internado para uma operação sem importância, falece inesperadamente aos 28 de dezembro de 1992, segundo os médicos de "embolia pulmonar" mas, segundo a família, de infecção hospitalar.Em 1992, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro homenageou o escritor dando seu nome para uma pracinha no bairro do Jardim Botânico.O acadêmico Josué Montello, em fala ressaltando as qualidades do amigo falecido, citou os dois versos em que resumia sua própria biografia: "Estudou e escreveu./Nada mais lhe aconteceu".
Nos tempos de juventude, numa brincadeira,o amigo Fernando Sabino fez a seguinte quadrinha para adornar a lápide de Otto:
Aqui jaz Otto Lara Resende
mineiro ilustre, mancebo guapo.
Deixou saudades, isso se entende:
Passou cem anos batendo papo.
Seguindo os passos de seu pai, aos 14 anos já era professor de Francês, que aprendeu por conta própria.Em 1938 Otto, no esplendor de seus 16 anos, muda-se com a família para Belo Horizonte, onde morou por sete anos."Na carreira literária a glória está no começo.O restante da vida é aprendizado intensivo para o anonimato", disse Paulo Mendes Campos.Em Belo Horizonte ele inicia sua carreira literária.Naquela época, o poema "No meio do caminho", de Drummond, ainda provocava escândalo.Otto, que era um jovem aplicado.Lecionava Português e Francês no Instituto Padre Machado, do qual era um dos herdeiros, o que levava a crer que seguiria a carreira de professor.Conhece Fernando Sabino e juntos aderem à causa do escotismo.Freqüenta, com Paulo Mendes Campos, velho conhecido, o curso de inglês. Juntou-se ao grupo Hélio Pellegrino, futuro psicanalista de renome. Os quatro amigos formaram o mais célebre quarteto que o Brasil já conheceu. Nas palavras de Otto, os "adolescentes definitivos". Amantes ardorosos da literatura, eram também portadores de feroz sentimento antifascista.Passando do campo das idéias para o campo das ações, Otto e Hélio, publicam e distribuem clandestinamente o jornal "Liberdade", contra o Estado Novo.
Aos dezoito anos, começa a trabalhar como jornalista no periódico "O Diário", de Belo Horizonte, ao mesmo tempo em que é professor, funcionário público e estudante de Direito. Sua estréia na imprensa, em 1940, se dá com o artigo "Panelinhas literárias". Dai por diante nunca mais deixou de ser jornalista, tendo chegado a editar o suplemento literário do "Diário de Minas". No Rio, anos depois, trabalhou no "Diário de Notícias", "O Globo", "Diário Carioca", "Correio da Manhã", "Última Hora", "Manchete", "Jornal do Brasil" e "TV Globo".Quando morreu era cronista do jornal "Folha de São Paulo".Em 1945, já formado em Direito, Otto muda-se para o Rio de Janeiro, onde já moravam seus amigos Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos. Vai trabalhar como repórter no "Diário de Notícias". E é nomeado, em 1960, procurador do Estado da Guanabara.Seu primeiro livro de contos, "Lado Humano", é lançado em 1952 pela "Editora A Noite".Em 1957, a "Editora José Olympio" publica seu segundo livro de contos, "Boca do Inferno".
Trabalhava na revista "Manchete" nessa ocasião, tendo iniciado como redator-chefe e depois como diretor. Otto cativou Adolpho Bloch, dono da publicação, com sua conversa e, segundo consta A revista, nas mãos de Otto, melhorou.Viaja para a Bélgica, onde vai exercer as funções de adido cultural brasileiro junto à Embaixada em Bruxelas.Em 1960, volta ao Brasil.Assume a função de editorialista do Jornal do Brasil. Funda, com Rubem Braga e Fernando Sabino, entre outros amigos, a Editora do Autor. Por ela são publicados "O retrato na gaveta" (1962), "O braço direito" (1963). Em 1964 escreveu "A cilada", um conto sobre a avareza no livro "Os sete pecados capitais", publicado pela Civilização Brasileira, em companhia de Guimarães Rosa (soberba), Carlos Heitor Cony (luxúria), Mário Donato (ira), Guilherme Figueiredo (gula), José Condé (inveja) e Lygia Fagundes Telles (preguiça).
Disse Nelson Rodrigues: "A grande obra de Otto Lara Resende é a conversa. Deviam pôr um taquígrafo atrás dele e vender suas anotações em uma loja de frases".Nelson adorava pôr amigos (e inimigos também) como personagens em suas peças, crônicas e romances.Otto tornou-se um dos personagens da predileção do dramaturgo. Citado em crônicas, culminou por ser "homenageado" e ter uma peça com seu nome: "Bonitinha mas ordinária ou Otto Lara Resende". O biografado, para sua surpresa e desgosto, figurou no cartaz e no letreiro do Teatro Maison de France, no Rio de Janeiro, em 1962, quando a peça estreou e ficou em cartaz por cinco meses.Ele detestou a brincadeira. Em represália, não foi assistir ao espetáculo. Com o tempo, o caso foi esquecido e os dois continuaram bons amigos.Em 1967, estréia seu programa "O pequeno mundo de Otto Lara Resende" na "TV Globo". Uma participação diária de 60 segundos, onde falaria sobre os acontecimento do dia.
Ainda naquele ano, Otto despede-se temporariamente do "Jornal do Brasil" e da "TV Globo" e muda-se com a família para Portugal, onde residiria por dois anos, exercendo as funções de adido cultural junto à nossa Embaixada naquele país.Quando retornou ao Brasil, em 1969, voltou a trabalhar no "Jornal do Brasil", agora como diretor. Foi de extrema importância sua atuação junto à autoridades que detinham o poder, pois era obrigado a lidar com a censura, atos institucionais, desmandos e tudo o mais que compunham o ambiente da época.Saiu do "Jornal do Brasil" em 1974 e, logo depois ingressou nas organizações "Globo".Em 1975, publica o livro de contos "As pompas do mundo".Em 03 de julho de 1979 é eleito membro da Academia Brasileira de Letras.Após ter trabalhado por dez anos nas organizações "Globo" (1974/1984), foi demitido sem saber porquê. A verdade é que tal fato o deixou abaladíssimo. Durante seis anos remoeu essa mágoa e, em 1991, voltou a brilhar em nova fase profissional, quando foi contratado pelo jornal "Folha de São Paulo" como colunista.Escreve quase 600 crônicas no período em que esteve na Folha de São Paulo, de Maio de 1991 a novembro de 1992.E publica mais um livro, "O elo partido e outras histórias".Deixa o jornalismo aos 70 anos e, logo em seguida, a vida. Internado para uma operação sem importância, falece inesperadamente aos 28 de dezembro de 1992, segundo os médicos de "embolia pulmonar" mas, segundo a família, de infecção hospitalar.Em 1992, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro homenageou o escritor dando seu nome para uma pracinha no bairro do Jardim Botânico.O acadêmico Josué Montello, em fala ressaltando as qualidades do amigo falecido, citou os dois versos em que resumia sua própria biografia: "Estudou e escreveu./Nada mais lhe aconteceu".
Nos tempos de juventude, numa brincadeira,o amigo Fernando Sabino fez a seguinte quadrinha para adornar a lápide de Otto:
Aqui jaz Otto Lara Resende
mineiro ilustre, mancebo guapo.
Deixou saudades, isso se entende:
Passou cem anos batendo papo.
Bibliografia:
- O lado humano (contos, 1952)
- Boca do inferno (contos, 1957 e 1998)
- O retrato na gaveta (contos, 1962)
- O braço direito (romance, 1964)
- A cilada (conto, 1965, publicado em "Os sete pecados capitais)
- As pompas do mundo (contos, 1975)
- O elo partido e outras histórias (contos, 1991)
- Bom dia para nascer (Crônicas na Folha de S. Paulo, 1993)
- O príncipe e o sabiá e outros perfis (História, 1994)
- A testemunha silenciosa (Novelas, 1995).
- O lado humano (contos, 1952)
- Boca do inferno (contos, 1957 e 1998)
- O retrato na gaveta (contos, 1962)
- O braço direito (romance, 1964)
- A cilada (conto, 1965, publicado em "Os sete pecados capitais)
- As pompas do mundo (contos, 1975)
- O elo partido e outras histórias (contos, 1991)
- Bom dia para nascer (Crônicas na Folha de S. Paulo, 1993)
- O príncipe e o sabiá e outros perfis (História, 1994)
- A testemunha silenciosa (Novelas, 1995).
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