-O senhor está sob o efeito de drogas?
- Estou. Tomei um remédio pra labirintite.
- Ah. Desculpe. É que seus olhos estão muito vermelhos e eu pensei...
- Quanto foi?
- R$ 17.80
- Crédito.
- Olha, não foi por mal, viu. Fiquei preocupada com o senhor. Estava zanzando sem destino, passou muito tempo na prateleira de material de limpeza. Ficou lendo as embalagens. O senhor leu umas dez embalagens e não pegou nada lá.
- O que?
- Nada. Estava só falando do seu jeito, desculpe, meio loucão.
- Minha senhora eu tomei um remédio pra labirintite. Pega a nota pra assinar, por favor. Não estou me sentindo muito bem.
- Parece que não. Quer que eu chame alguém?
- Não precisa. Eu moro aqui perto.
- Sabe, fiquei preocupada com o senhor e eu não costumo ficar preocupada assim com as pessoas.
- Obrigado pela preocupação.
- Olha, eu saio às 18h. Talvez a gente...
- Sim?
- Deixa pra lá.
-Por quê?
- Não sei.
- Tchau
- Ei. Minha mãe tem labirintite e o olho dela não fica vermelho assim, não.
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