Autor:Millôr Fernandes
- A pedra que no papel nem serve para desenhar uma reta, dentro d'água faz círculos perfeitos.
- Porque a mulher fica nua lhe damos um casaco de peles.
- Sonhou que dizia: "Você é a moça dos meus sonhos".
- O importante não é o relógio — são as horas.
- Há gêmeos tão parecidos que o que não nos conhece nos cumprimenta.
- Não era mulher, era um modelo vivo.
- O menino nasceu preto apesar de todo o esforço dos médicos.
- O sacerdote deu uma topada e fez um silencio cheio de heresias.
- Quando apertamos a campainha vem-nos sempre um certo receio de que a casa vá para os ares.
- Quando a igreja muda de padre parece que este fala de um Deus novo.
- A lavadeira põe o ferro em cima da roupa e o tempo passa.
- De cem em cem mil anos o infinito faz um ano.
- Pegamos o telefone que o menino fez com duas caixinhas de papelão e pedimos uma ligação para a infância.
- Acreditar que não acreditamos em nada é crer na crença do descrer.
- E dito e feito, tudo foi dito e nada foi feito.
- O ator encarna o papel, mas em compensação o açougueiro empapela as carnes.
- Há certos indivíduos que, por terem que botar no correio uma carta urgente, ficam apressadíssimos.
- Atravessou a sala com aquele ar orgulhoso dos belos transatlânticos.
- Quem não tem lenço se despede menos.
- Quem mata o tempo não é um assassino. É um suicida.
- A mulher do vizinho é sempre mais magra do que a nossa.
- Não aceitou o emprego de motorista de ônibus porque detestava coisas passageiras.
- O morcego é o anjo do rato.
- No espelho fazemos caretas para ver se somos bonitos.
- Ter mais de vinte anos sempre nos pareceu uma injustiça.
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