Antigamente, quando o circo chegava às cidades, as crianças cantavam nas ruas: "Hoje tem goiabada? Tem sim senhor! O palhaço o que é? É ladrão de mulher!" Que história é essa? Ladrão de mulher?
Nada disso. O palhaço é apenas o ladrão da tristeza, o mensageiro da alegria. Com seu nariz vermelho, seu colarinho folgado, a boca enorme, as botas desencontradas, uma em cada direção, ele transforma o mundo numa bola colorida que todos podem jogar, pobres e ricos, feios e bonitos.
Ele faz da vida um exercício de paz, uma fantasia em que todos ficamos iguais. E quando rimos do palhaço, estamos rindo de nós mesmos e nos perdoando de nossos tombos, de nossos erros, de nossas tristezas.
Vou lembrar aquela história do palhaço que perdeu o filho. Abraçado à mulher, ele chorava a perda de quem mais amava na vida. Mas o circo se encheu de gente, a platéia batia palmas e exigia o palhaço em cena.
E lá ia ele, com seu nariz vermelho, o colarinho folgado, a boca enorme e vermelha gargalhando. E, dentro do peito, o coração soluçando.
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